Mercado imobiliário aquecido no Interior do Ceará
O interior do Estado do Ceará tornou-se o principal alvo do setor imobiliário. Além do aumento da renda capitaneado pelas políticas sociais do governo federal, do maior acesso ao crédito, dos juros menores, da demanda reprimida, somados ao déficit habitacional farto, existe outro fator corroborando para o aquecimento desse mercado: a pulverização das instituições de ensino superior.
No rol dos mercados mais efervescentes para a construção civil cearense estão: Juazeiro, Sobral, Crato, Barbalha, Crateús, Iguatu e Tianguá. E a tendência é que o mercado imobiliário nessas localidades continue experimentando incremento superior ao Nordeste e ao País.
Projetos previstos
De acordo com Armando Cavalcante, diretor do Conselho Federal de Corretores de Imóveis (Cofeci), há vários projetos imobiliários previstos para o interior do Estado. "O interior está despontando para o setor imobiliário. O Cariri, especialmente Juazeiro, está muito aquecido e agora também estão descobrindo Sobral. E também o Crato, Crateús, Iguatu e Tianguá", sinaliza.
Aproximar cidades
Com a interiorização dos investimentos imobiliários, ele afirma que a tendência é aproximar ainda mais as cidades do interior. "Isso está ocorrendo em Sobral e Massapê e também em Crato a Juazeiro", exemplifica.
Dentre a conjunção de fatores que, segundo ele, estão gerando o fenômeno, ele cita a instalação de universidades e faculdades no interior. "Além de ser um sintoma do crescimento econômico do País, a chegada das universidades também tem grande influência no aquecimento do mercado. O que tem em Juazeiro de blocos de apartamentos sendo construídos para abrigar essas pessoas não se faz ideia. E o comércio da região também se beneficia, pois o próprio aluno é consumidor", observa.
O que construir vende
André Montenegro, vice-presidente da área imobiliária do Sinduscon Ceará, lembra que a oferta de financiamento já foi difícil no interior e isso tornava a demanda habitacional reprimida. A renda da população também era mais baixa. "Hoje com o aumento da renda e com o acesso ao crédito universalizado para todo o País, o interior despontou para o mercado imobiliário. Hoje, lá em Juazeiro e Sobral, por exemplo, o que a gente construir vende. O mesmo já está ocorrendo com Iguatu, Crato e Barbalha", afirma.
Acesso fácil
Segundo Montenegro, no interior o acesso a terrenos ainda é mais fácil, o que casa com uma grande demanda existente. "Para os construtores, hoje há mais facilidades para construir no interior. As construções são mais ágeis, as licenças ambientais são concedidas com rapidez. E isso faz com que interior consiga ultrapassar os índices da Capital."
Diretor regional do Sinduscon no Cariri e diretor da CRC Construtora Raimundo Coelho, que acaba de construir e entregar em Juazeiro do Norte 1.280 casas do Minha Casa Minha Vida para famílias com renda de um a três salários mínimos, Felipe Néri Coelho, aponta quatro fatores como responsáveis pela "explosão econômica e imobiliária" da cidade do Padre Cícero.
Segundo ele, para entender Juazeiro, é preciso primeiro destacar sua localização geográfica.
A cidade fica no Sul do Ceará, no centro do polígono da seca nordestina, quase fronteira com os estados da Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Piauí, a pouco mais de 500 quilômetros da Capital.
"O primeiro ponto (favorável ao mercado imobiliário) é que sendo equidistante das capitais nordestinas, a cidade abastece muitos comércios de várias cidades, pois está mais próxima dos que suas próprias regiões metropolitanas. Por isso o crescimento comercial ", justifica.
Em segundo lugar, ele cita a concentração de instituições de ensino superior em. O terceiro fator de crescimento é o aspecto religioso da cidade envolvendo o Padre Cícero e a peregrinação de romeiros, que também gera renda. Como quarto e último ponto, Felipe Néri cita o fato de a cidade ser considerada como segundo polo calçadista do País.
"Isso tudo faz com que o município cresça acima da média do Nordeste e do Brasil. Então, a atividade econômica acelerada impulsiona a construção de moradias, que são necessidade básica. Havia uma demanda reprimida e a tendência agora é suprir. Está havendo a explosão econômica da cidade. E a construção civil acompanha isso", resume.
Se depender da demanda, a tendência de crescimento continua. Segundo dados do IBGE, só em Juazeiro existe a necessidade de 9 mil unidades habitacionais populares. "Então, ainda dá para vender muito mais", comemora o empresário, que alerta para os desafios que surgem em meio a esse cenário promissor.
"Existe a outra face do aquecimento do mercado imobiliário no Interior do Estado, que são terrenos com preços superfaturados, falta de infraestrutura urbana e a falta crônica de mão de obra qualificada, que há tempos já atinge os grandes centros".
O que eles pensam
“Vejo que o setor imobiliário tem uma demanda crescente. Por isso, iniciei, ainda em 2007, a construção de alguns imóveis em Juazeiro do Norte. Sinto que os investimentos só têm a expandir. No entanto, no momento, com essa crise que o comércio vivencia , deu uma esfriada.
Mas nada que comprometa a procura por novas construções. Em minha opinião, toda essa especulação imobiliária em Juazeiro é decorrente dos incentivos governamentais para a compra de moradias”, fala Jonatas Ribeiro, empresário e construtor.
“Esse boom imobiliário em Juazeiro pode durar até os próximos cinco anos, por causa das altas nos preços dos terrenos. Os investidores viram no setor uma oportunidade de grandes lucros, o que veio a formar um conjunto de fatores que engloba incentivos do governo, desenvolvimento da cidade, grandes investimentos privados e instalação de universidades. Tudo isso atrai mais pessoas que precisam de moradias. Essa é a justificativa da grande demanda por imóveis”, explica Alex Morais, engenheiro civil.
Da Redação, original Diário do Nordeste.